Cofre do Coração
De tudo um pouco ou muito fica guardado em nós, seja a lembrança inconsciente do primeiro choro, do primeiro olhar para o mundo, seja dos sorrisos e abraços, dos raios de sol a aquecer-nos o corpo, do brilho costumeiro que tanto nos seduz, o colorido da paisagem,
o cheiro das flores que nos embriaga, de tantas, tantas coisas belas que palavras jamais conseguiriam descrever… o manto escuro da noite que.............
nos envolve de mistérios enluarados, do prateado de estrelas piscantes, como luzes do nosso pensamento que acendem, mas que também voam como o vento, fugidios que são como os dias, e, assim, serelepes, transitórios, nos escapam, fogem, advindo daí a premente vontade de resgatá-los em palavras, às vezes inteiras, às vezes metade, metamorfoseadas, explícitas ou implícitas na alma, tão cheias de vozes e silêncios, que deveras não se consegue ler de tão profundos como o ser, o tudo e o nada…
Ficam um pouco ou muito gravados em nós, de olhares e risos, sussurros, conversas, troca de informações, descobertas, um novo olhar para o mundo… Ao tempo que a gente se veste também vai se despindo, se moldando, criando, recriando e esculpindo a nossa matéria-bruta em arte. A arte de ser, o que somos.
E assim, nasceu o inefável desejo de guardar em páginas de memórias, como a um relicário, um pouco de tudo que me toca…
Do que me veste, me dispo, e (me) doo, tudo o que me torna o que sou.
Angela Reis
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