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domingo, março 10, 2013

CONFISSOES E DESABAFOS..............................


Fazer 50 anos é um pouco como chegar aquele momento da viagem que o avião encontra-se para decolar: vai ultrapassar os perigos e aflições da decolagem – onde a maioria dos desastres acontecem – e ainda temos longe da aterrissagem. Então agente olha em volta, tenta assistir um filme, pega um livro, uma revista e, quando não consegue mais se distrair, começa a pensar na vida. E faz aquelas perguntas básicas: O que estou fazendo aqui? Para onde estou indo? Isso é o que escolhi pra mim ou a somatória de uma serie de coisas que eu não controlo?
Quando eu tinha a idade de um adolescente, eu não conseguia entender esse papo de “qual o sentido da vida?”. Achava que uma pergunta meio ridícula, algo que via saindo mais da boca do Pica-Pau, como uma caveira na mão, do que um personagem de Shakespeare.
Com 15 anos, eu sabia tudo, ou achava que sabia. O que era certo e errado, o que era bonito e feio, quais coisas deveriam ser feitas para resolver os problemas do mundo e que bandas deveriam ser caladas para sempre. Então os políticos em quem confiei se meteram nas mesmas encrencas que agente achava que eles combateriam, eu escrevo frases como “quando eu tinha sua idade” e chego a minha segunda terceira década com mais dúvidas do que certezas.
Não entro mais em intermináveis discussões defendendo até a última gota de suor minhas opiniões sobre cota para negros, aborto, a legalização da maconha ou a novela das 8. Dou minha opinião, resignada, sem nenhuma esperança de convencer os outros.
Sinto que os conselhos são inúteis e nenhuma experiência pode ser compartilhada. Tenho a sensação muito forte de que agente só ouve o que já sabe, só se emociona com o que, de uma forma, já nos tocou antes. (Como se fôssemos aquele brinquedo que tem furos de diversas formas, onde as crianças têm que enfiar peças quadradas, redondas e triangulares).
Não que eu não queira mais que as pessoas concordem comigo. Eu quero, só não acho que isso seja possível. Além do que, cada um vê as cosas de uma forma e a minha pode não ser a mais correta.
Fazer 20 anos, talvez, não tenha nada a ver com a velocidade de decolagem. Quem sabe passando todas a ansiedade do mesmo, eu tenha a oportunidade de ver se o que eu trouxe na bagagem realmente me serve ou está aqui apenas pra fazer peso.
Nos despirmos de nossas certezas não é nada cômodo, mas é essencial se quisermos algo além de distração, antes da inevitável aterrisagem.

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